Centro Técnico de Aubevoye comemora 40 anos de histórias

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Postado 11 de julho de 2022 por bisponeto em

Perto da cidade de Gaillon, na estrada departamental 6015, a única coisa que se diferencia da estrada é a floresta, seja à esquerda ou à direita. Antes de cruzar a placa que indica a direção para o Centro Técnico de Aubevoye (CTA), nenhum indício revela a presença desta unidade do Renault Group. Um centro técnico como nenhum outro, que conta com recursos e ferramentas com tecnologia de ponta para reproduzir todas as exigências às quais os carros estão sujeitos durante o uso pelos clientes. São 613 hectares, 35 pistas totalizando 60 km, 42 bancos de testes, dois túneis de vento e 18 câmaras de corrosão, dissimulados atrás de 272 hectares de floresta que protegem os carros em desenvolvimento dos olhares curiosos.

Aqui, apenas os convidados podem entrar. Mas para comemorar os 40 anos desta unidade onde a magia acontece a cada passo e a cada curva, você é nosso convidado para fazer uma visita virtual e descobrir vários segredos!

As pistas de Aubevoye: 6 milhões de quilômetros de testes a cada ano!

Se hoje o circuito mais longo do calendário de Fórmula 1 mede 7,004 km, imagine que a rede de pistas de Aubevoye se estende por mais de 60 km, reproduzindo todo tipo de pista de rodagem conhecida no mundo. Construídos entre 1982 e 2000, os diferentes tipos de superfícies, curvas fechadas e inclinações fariam enlouquecer qualquer apaixonado pelas fortes sensações ao volante. Mas no CTA, além do prazer que os pilotos de testes têm ao dirigir os protótipos da Renault, Dacia ou Alpine, os desafios são claros: ouvir cada ruído, testar cada componente, desde a direção até as suspensões, passando pelos testes de resistência e o comportamento em rodagem.

“Para indicar as áreas onde são realizados os testes, utilizamos um método bastante conhecido dos fãs dos circuitos: dar um apelido para cada curva”, conta Frédéric, gerente de pistas no Centro Técnico de Aubevoye.

Na pista seca, cada curva tem um apelido específico. Mas não se espante – tudo tem uma explicação! Vamos começar pela “pata de ganso”. Na entrada do circuito, a pista bifurca à esquerda e à direita, criando o desenho de uma pata de pássaro. Uma metáfora que chega a ser poética! A curva seguinte foi batizada de “dedo de luva”. Esse nome é um pouco mais lógico porque a curva se parece mesmo com um dedo de luva, bem arredondado. Para definir a curva mais rápida do circuito (onde é possível chegar a mais de 200 km/h), foi feita uma homenagem a um piloto que teve um destino trágico, o bicampeão mundial de Fórmula 1 dos anos 50, Alberto Ascari. Em seguida, fazendo referência ao Autódromo de Linas-Montlhéry, duas curvas herdaram o nome das “Boucles des Biscornes”. A “Curva da Fazenda” é outra curiosidade: fotos antigas revelaram a presença de uma fazenda localizada às margens deste local. E, para terminar, a célebre “Pif-paf de Saída”, cuja onomatopeia remete a um barulho de pancada… Utilizada para o ajuste do chassi, esta pista de 3,9 km é ideal para realizar uma bateria completa de testes, desde a calibração dos eixos dianteiro e traseiro, contatos com o solo, resistência dos freios, confiabilidade e motricidade, comportamento nas curvas. Esta série de testes é complementada por uma pista molhada.

De Roma a Bruxelas em alguns segundos

Partimos agora para uma visita a algumas capitais europeias. É fácil, basta seguir as placas indicando nomes como Roma, Bruxelas, Madri e Londres. Elas são utilizadas para indicar a entrada do “centro da cidade”, uma pista que mede pouco mais de 2 km e reproduz as condições ao dirigir em meio urbano, como semáforos, placas de pare, lombadas e vários cruzamentos. Em alguns segundos, passamos de Roma a Bruxelas. Boa viagem!

Passamos agora para a pista de velocidade. Como o nome indica, é aqui que a velocidade máxima é atingida no circuito. Os pilotos podem fazer o motor atingir 250 km/h, com curvas acentuadas que permitem chegar a 180 km/h, sem virar o volante. Todos os testes de aerodinâmica são realizados aqui. Mas ela também tem uma curiosidade que vale a pena ser mencionada. Neste circuito, 16 ventiladores gigantes estão posicionados às margens da pista, para simular ventos que vão de 14 a 72 km/h, permitindo verificar a estabilidade de cada modelo e calcular os desvios de trajetória. Devido ao peso maior, os veículos utilitários contam com um dispositivo eletrônico, que mantém a estabilidade na pista. Vale notar que, assim como em um circuito de competição, na pista de velocidade os pilotos dirigem em sentido anti-horário. Lado esquerdo do cérebro, a direção em que o sangue circula no coração, força centrífuga ou tradição romana? Não são poucas as lendas e suposições para explicar o fenômeno. Mas o certo é que ninguém sabe (ainda) a resposta certa. É simplesmente assim!

Agora, uma mudança de cenário. É claro que Aubevoye tem uma série de inclinações, pistas simulando trechos de serra e off-road, para testar os diferentes modelos, incluindo os 4×4. São mais de 40 metros de desníveis, com aclives e declives para simular trechos montanhosos, cruzamentos de pontes e buracos na pista, para vivenciar as sensações mais fortes dos percursos fora de estrada. A particularidade da pista off-road é que a distância total é totalmente desconhecida. E para dar início aos testes, diz a lenda que não se deve jamais se aventurar nela sozinho (ou pelo menos deve estar bem equipado)! Nestas pistas, a motricidade dos nossos modelos é colocada à prova pra valer. E outra curiosidade interessante é a rodovia nacional, com fortes declives e trechos de montanha, além de muitas curvas – tanto para a esquerda como para a direita.

Pistas extremas para testar a durabilidade

Antes de deixar o setor de pistas, fazemos um pequeno desvio para passar nos locais onde os nossos veículos são literalmente torturados. Para reproduzir todos os tipos de pista e simular as condições meteorológicas de cada país, o CTA conta ainda com pistas radicais. Um exemplo é o túnel de poeira, que reproduz as condições encontradas na Argentina, um país com um alto nível de poeira. Para simular a condução nos países sujeitos a grandes volumes de chuva, há um baixio de 24 cm de profundidade, em um percurso que inclui buracos com 6 cm de profundidade. Assim, os diferentes modelos testados devem resistir aos choques provocados ao atravessar o trecho alagado com 30 cm de água. Também foi criada uma gigantesca “poça d’água” artificial medindo 3×3 m, para assegurar que nenhum dano é causado ao carro, mesmo quando este trecho é feito a 80 km/h.

Agora você já sabe: as pistas de testes de Aubevoye têm tantas curiosidades quanto quilômetros. Se os testes dinâmicos são essenciais para verificar o comportamento em rodagem, os ensaios estáticos são indispensáveis na fase de projeto dos novos veículos. No Centro Técnico de Aubevoye, vários prédios contam com as ferramentas e recursos que nem imaginaríamos que existiam. Vamos dar uma espiadinha nas etapas de desenvolvimento de cada modelo.

Do plotter aos computadores, as evoluções que marcaram seu tempo

Depois da visita às pistas, a primeira pergunta que vem à mente é: como eram realizados os testes antes da chegada dos computadores e softwares de cálculo? Jean-Marc, especialista de testes e métodos em Aubevoye tem a resposta:

“Há muito tempo atrás, os plotters serviam para registrar os parâmetros dos testes nos primeiros dinamômetros de chassis do CTA! Mas o objetivo continua o mesmo: oferecer aos clientes os níveis mais baixos de consumo, sem sacrificar a performance. Os dispositivos de testes evoluem continuamente, para cumprir com as regulamentações a cada dia mais rigorosas e os desenvolvimentos tecnológicos, como a motorização híbrida, elétrica e a hidrogênio. Hoje, são mensurados centenas de parâmetros para analisar e otimizar a performance dos veículos”.

Em 40 anos, os computadores também substituíram as fitas magnéticas para registrar os ruídos. Hoje em dia, tudo é mensurado, até o silêncio. Para cada modelo, a qualidade acústica é monitorada tanto do lado de dentro como de fora da cabine, para oferecer um nível máximo de conforto aos clientes e cumprir com as diferentes regulamentações. As ondas eletromagnéticas também são medidas em estranhas câmaras chamadas de anecoicas e semianecoicas, localizadas no laboratório de Compatibilidade Eletromagnética, construído em 2005. Câmara de som, câmara de radiofrequência, câmara para mensurar as emissões eletromagnéticas da eletrônica do veículo sem interferências externas e câmara para testar a resistência eletromagnética do veículo: todas estas inovações contribuem para evitar as interferências eletromagnéticas e validar as novas funções conectadas, que são a cada dia mais complexas nos veículos.

Os bancos de ensaios, túneis de vento e câmaras de corrosão também fazem parte deste centro único. Os carros são repetidamente submetidos a duras condições, a fim de testar o processo de envelhecimento. Para reproduzir em apenas alguns meses os anos de uso feito pelos clientes de todas as regiões do mundo, incluindo as mais extremas, são utilizados recursos como névoa salina e túnel de vento climático quente ou frio, para simular temperaturas desde -30° até +55°C, com ventos de até 230 km/h.

E para concluir a história desta unidade única, apresentamos algumas curiosidades sobre o CTA:

· Para cada árvore cortada durante a construção das pistas e prédios, três outras foram plantadas dentro e fora do CTA;

· Devido aos vários hectares de floresta existentes dentro da unidade, o CTA conta com um setor de gestão florestal responsável pela manutenção e venda de madeira;

· No ano passado, foram reciclados 2.300 carros em fim de vida, graças às instalações exclusivas de reciclagem presentes no CTA;

· As apresentações de projetos são realizadas no CTA, que oferece uma rede de pistas protegida dos olhares curiosos e das teleobjetivas indiscretas;

· A ronda da segurança realiza um percurso de 14 km;

· Um novo banco de testes – único na França – está em fase de construção, aliando medições de consumo, poluição, faixas ampliadas de temperatura e simulação dos raios solares.

Confira o cronograma das principais etapas de construção do Centro Técnico de Aubevoye que foi construído em 1982 e se tornou um ponto de passagem obrigatório para todos os veículos do Renault Group antes de chegar ao mercado:

· 1982: criação das primeiras pistas: pista de velocidade, pista de comportamento, área de performance, pista de trabalho, etc;

· 1983: instalação dos primeiros bancos de rolos para fazer as medições e a homologação de consumo e poluição. Depois disso, foram feitas várias reformas, modificações e substituições;

· 1993: chegada dos dois túneis de vento climáticos – quente e frio;

· 1995: construção de 13 novas pistas em Aubevoye, como centro da cidade, a pista de simulação de conforto, a via rápida, a pista molhada e a pista todo terreno;

· 2000: construção das grandes inclinações, trechos de serra e a rodovia nacional;

· 2005: início do projeto e construção do Laboratório de Compatibilidade Eletromagnética;

· 2020: introdução de um novo banco de testes de consumo e autonomia climática (-30°/+50°C), com simulação dos raios de sol.

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