Dados preliminares revelam tendências no uso de máquinas agrícolas

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Postado 30 de maio de 2025 por Alexandrino Cipriano em

Por Luís Vinha – Em fase de coleta de dados, a pesquisa “Decifrando o cenário de máquinas agrícolas no Brasil”, conduzida pela consultoria [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, já aponta importantes tendências sobre o uso e a renovação de máquinas agrícolas no país. Com lançamento oficial previsto para setembro de 2025, o estudo trará uma radiografia inédita da frota nacional de tratores, colheitadeiras e pulverizadores autopropelidos, com foco em comportamento de compra, perfil do produtor, idade dos equipamentos e adoção de tecnologia.

Dados preliminares da região Sudeste, uma das mais relevantes para o agronegócio brasileiro, já evidenciam aspectos significativos do mercado, abrindo espaço para ajustes estratégicos por parte dos diversos players desse ecossistema.

Perfil do produtor: nova geração assume o comando

De acordo com os dados parciais, a faixa etária predominante entre os entrevistados, em sua maioria sócios-proprietários, está entre 29 e 44 anos. Além disso, cerca de 20% desses líderes têm entre 18 de 28 anos, revelando um novo perfil de liderança no campo.

O rejuvenescimento da gestão rural indica uma mudança geracional em curso, com impactos diretos na forma como decisões são tomadas, tecnologias são adotadas e relacionamentos comerciais são estabelecidos.

A presença crescente de jovens líderes, mais conectados e com maior familiaridade com ferramentas digitais, tende a acelerar a transformação digital no agronegócio, impulsionando a demanda por soluções mais integradas, como agricultura de precisão, plataformas de gestão e maquinário inteligente.

Esse movimento reforça a importância do planejamento sucessório, um tema cada vez mais estratégico no setor agrícola. Apesar de sua relevância, o campo ainda enfrenta desafios quando o assunto é sucessão estruturada. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, mais de 70% das propriedades rurais brasileiras não possuíam um plano formal de sucessão. A entrada de lideranças mais jovens, como evidenciam os dados da pesquisa da [BIM]³, representa uma janela de oportunidade para modernizar a gestão e promover uma transição planejada entre gerações.

Esse novo perfil de liderança, mais jovem, tende a ser mais conectado e tecnicamente preparado, costuma demandar novas abordagens por parte de fabricantes, concessionárias, instituições financeiras e agentes públicos. Estratégias de marketing e relacionamento, por exemplo, precisam considerar outros fatores além da tradição no campo. O discurso tradicional pode já não ser, por si só, suficiente para engajar esse novo tomador de decisão.

Marcas mais presentes e critérios decisivos na compra de maquinário

John Deere, Massey Ferguson e Case surgem, segundo dados preliminares, como as três marcas com maior penetração e satisfação dos clientes na frota de tratores do Sudeste, consolidando a força das marcas tradicionais no setor agrícola.

No entanto, a decisão de compra vai além da reputação da marca. Os produtores destacaram critérios práticos e operacionais como os mais influentes na escolha de máquinas:

– Assistência técnica;

– Custo operacional;

– Condições de financiamento.

Esses fatores refletem um comportamento mais racional e orientado ao desempenho no campo, indicando que as marcas precisam oferecer soluções completas, não apenas bons produtos, mas também condições e serviços eficientes.

Embora as 3 marcas com maior penetração sejam as mesmas que carregam os melhores níveis de satisfação, outras como Agrale e New Holland também entregam competitividade, mostrando-se opções muito atraentes para o agricultor.

Dados confiáveis importam para todo o ecossistema do Agro

O agronegócio brasileiro está se tornando cada vez mais técnico, internacionalizado, regulado e competitivo. Nesse cenário, informações confiáveis são um ativo estratégico, com impactos diretos em diversas frentes:

– Fabricantes: podem calibrar o mix de produtos, prever demanda por peças;

– Concessionárias e locadoras: podem ajustar estoques, definem pacotes de serviços e tornar a experiência do cliente ainda melhor;

– Instituições financeiras: passam a estruturar linhas de crédito mais adequadas ao perfil do produtor e ao ciclo real de renovação da frota, podendo segmentar produtos financeiros por tipo de cultura/commodity e região;

– Associações e governo: devem desenvolver políticas públicas baseadas em evidências, promovem práticas sustentáveis e direcionam corretamente incentivos e subsídios para as regiões que mais necessitam, tornando a agricultura nacional mais eficiente e mecanizada.

Em um setor cada vez mais técnico, regulado e competitivo, dados confiáveis são ativos estratégicos. Eles orientam decisões mais precisas e sustentáveis em toda a cadeia do agronegócio, da indústria ao governo.

Luís Vinha é advogado, consultor empresarial e sócio-diretor da [BIM]3 – Boschi Inteligência de Mercado.

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