Cummins mostra conceito de motor a etanol na Agrishow 2025

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Postado 29 de abril de 2025 por Alexandrino Cipriano em

A Cummins apresenta na Agrishow 2025 o conceito do motor B6.7 a etanol, desenvolvido para demonstrar o potencial do biocombustível como alternativa viável e estratégica para a transição energética no agronegócio brasileiro. Este produto está sendo projetado para operar com 100% de etanol hidratado nacional e reúne a expertise da líder em tecnologia de energia em motores de alto desempenho com soluções que aliam confiabilidade, eficiência e menor impacto ambiental em aplicações no campo.

Com 325 hp de potência e 895 Nm de torque, o motor conceito entregará desempenho equivalente ao de um motor diesel, com a vantagem de utilizar um combustível limpo, renovável e amplamente disponível no Brasil. Seu sistema de injeção direta a 350 bar, cabeçote com duplo comando de válvulas e turbocompressor para as condições operacionais brasileiras indicam um alto potencial de eficiência energética, durabilidade e operação mais silenciosa e limpa. Além disso, a simplicidade de manutenção e os intervalos estendidos contribuem para a redução do custo operacional — atributos que tornam o conceito especialmente atrativo para o setor agrícola.

A Cummins reconhece o etanol como uma das rotas estratégicas para a descarbonização, especialmente em países como o Brasil, que possui ampla aptidão para os biocombustíveis. “Dentro da estratégia Destino ao Zero, que guia a transição energética da empresa com base em inovação, colaboração e sustentabilidade, o etanol surge como um elemento viável e importante”, diz Mauricio Biadola, diretor de Vendas Off-Highway da Cummins Brasil. “Essa estratégia parte do entendimento de que o caminho para a descarbonização passa por múltiplas rotas, respeitando a vocação energética e a infraestrutura de cada país. No caso do Brasil, além do gás natural, biometano e biodiesel, o etanol ocupa uma posição estratégica por sua disponibilidade, infraestrutura consolidada e potencial de redução de emissões”.

O etanol tem desempenhado um papel significativo na agricultura brasileira, não apenas como produto de exportação, mas também como insumo energético utilizado diretamente dentro das propriedades rurais. Sua aplicação como combustível fortalece a lógica de economia circular no campo e contribui para ganhos expressivos de eficiência, redução de custos logísticos e menor dependência de fontes fósseis.

Nesse contexto, a Cummins investe no desenvolvimento de uma solução dedicada ao uso do etanol no agronegócio. Originado a partir de uma iniciativa nos Estados Unidos visando descarbonização e sustentabilidade, o conceito tem como base uma arquitetura desenvolvida para operar com tecnologia de ciclo Otto — o que amplia as possibilidades da Cummins em oferecer soluções complementares aos motores diesel. O motor, desenvolvido com base em engenharia aplicada na série B, com 40 anos de produção e mais de 13 milhões de motores produzidos globalmente, conta aqui com um trabalho direcionado ao mercado brasileiro, operando com etanol, com foco em aplicações no campo — especialmente em propriedades com maior integração ao uso do biocombustível.

“Trata-se de uma alternativa dentro do ecossistema do etanol. Acreditamos que pode atender a operações específicas, especialmente no agronegócio, como em propriedades com produção própria de combustível, frotas regionais e rotas fechadas, onde o uso do etanol ganha competitividade e agrega valor à operação”, reforça Biadola. 

O sistema de pós-tratamento utilizado, do tipo three-way (catalisador de três vias), é mais simples e menos oneroso quando comparado aos sistemas aplicados a motores diesel modernos, já que o etanol proporciona uma queima mais limpa e com baixa emissões. A utilização do etanol como combustível agrícola oferece vantagens ambientais significativas: considerando todo o seu ciclo de produção e uso, há uma retirada de CO₂ da atmosfera, o que contribui para a redução das emissões líquidas, considerando do poço à roda, e reforça seu papel como solução sustentável no campo.

Embora ainda não esteja em produção comercial, o conceito vem despertando o interesse de potenciais clientes e demonstra capacidade técnica e versatilidade para aplicações do setor agrícola.

“A expansão do uso do etanol em soluções energéticas para o agronegócio depende da evolução do ambiente regulatório e da mobilização de toda a cadeia. Temos atuado com foco em desenvolvimento tecnológico e diálogo com o setor, mas entendemos que a consolidação dessa rota exige um esforço conjunto entre indústria, governo e os próprios produtores rurais”, afirma Biadola.

O conceito foi desenvolvido para aplicações em máquinas agrícolas de médio porte, como pulverizadores, adubadoras, colheitadeiras e outras soluções off-road, especialmente em nichos onde a disponibilidade do etanol favorece a competitividade operacional.

Além do desempenho, o B6.7 a etanol contribui diretamente para a redução das emissões de poluentes. Estudos indicam uma diminuição de até 68% nas emissões de gases do efeito estufa em comparação com o diesel. Essa mudança não só fortalece a competitividade do agro brasileiro em mercados internacionais mais exigentes em relação à sustentabilidade, como também gera impactos positivos na biodiversidade brasileira e no equilíbrio ambiental das propriedades.

A Cummins também vê potencial no uso do etanol em combinações futuras com outras tecnologias limpas, como sistemas híbridos, sempre com foco na eficiência e sustentabilidade no campo. A líder em tecnologia de energia reforça que a descarbonização não depende apenas do tipo de combustível: exige infraestrutura, regulação, adaptação tecnológica e, principalmente, uma visão integrada. “O etanol, por exemplo, conta com uma infraestrutura sólida no Brasil, o que facilita sua adoção. Ainda assim, é preciso analisar o custo total da cadeia e como ele se encaixa nas operações. Por isso, nos mantemos próximos dos nossos clientes, avaliando viabilidade técnica e econômica e explorando caminhos conjuntos de desenvolvimento”, reforça Biadola.

Essa abordagem está alinhada com a vocação da Cummins de atuar em mercados complexos e desafiadores, oferecendo soluções robustas, eficientes e sustentáveis. A líder em tecnologia de energia reforça que seus produtos são desenvolvidos com foco no futuro, e que não basta garantir viabilidade técnica — é essencial compreender o custo total e o impacto operacional de cada tecnologia. (Foto: Cummins/Divulgação).

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