Ases do Volante

Morre o piloto de carreteira Adir Moss

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Postado 14 de janeiro de 2020 por bisponeto em
O automobilismo de competição e o antigomobilismo paranaense estão de luto: acaba de morrer um dos mais destacados pilotos de carreteira do Paraná, na pessoa de Adir Alcídio Moss. Descendente de imigrantes austríacos, filho de Fortunato Moss e de Claudia Zaniolo Moss, nascido em São José dos Pinhais-PR e que atualmente residia em Curitiba, Adir, por demais conhecido nos meios automobilísticos de competição de todo o Brasil, morreu aos 93 anos de idade, no dia 23 de dezembro de 2019.

Já na década de 1950 Adir iniciava a sua carreira nas pistas de corrida de veículos, pilotando uma motocicleta Indian, fabricada nos Estados Unidos, no circuito de terra da cidade catarinense de Joinville. Ele participou da Segunda Guerra Mundial, na Itália, como Expedicionário da Força Aérea Brasileira. Regressando ao Brasil, começou a frequentar a oficina mecânica do piloto de carreteira Germano Schlogel, já famoso, de São José dos Pinhais/PR, de quem era admirador. Aconteceu então que Germano o convidou para participar ,como co-piloto, de uma prova de carreteiras na Festa da Uva, na cidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Cerca de 12 carreteiras participaram, pilotadas por Catarino Andreatta, Ítalo Bertão, Júlio Andreatta e outros ases do volante da época. A carreteira do Paraná, preparada pelo próprio Germano, equipada com motor Ford V8 modelo 8 BA, foi classificada em segundo lugar, atrás de Catarino.

NAS MIL MILHAS

Depois da prova de Caxias do Sul-RS, Germano e Adir decidiram que deveriam preparar melhor a carreteira, com equipamento de competição importado. Isto levou Adir aos Estados Unidos, país que nunca tinha visitado. Lá, na Califórnia, adquiriu tudo o que era necessário para envenenar o motor Ford 8BA .

Tudo pronto inscreveram a carreteira numa das Mil Milhas Brasileiras da década de 1960, disputada no Autódromo de Interlagos-SP. Largada tipo Le Mans, à meia-noite. Até às 8:00 horas da manhã tudo certo, quando Adir pegou o volante do carro para toca-lo por mais 2 horas. Numa curva, o veículo deslizou, bateu num barranco e decretou o fim da prova para a dupla paranaense.

De volta a Curitiba, Adir decidiu construir a sua própria carreteira, utilizando os conhecimentos do experiente engenheiro curitibano e preparador de carros de corrida Alberto Manoel Glaser. Foi preparada a lataria de um Ford 1938, chassi de camioneta Ford F-100, motor de automóvel Mercury da década de 1950 e câmbio de 4 marchas do Chevrolet Corvette.

PRIMEIRO LUGAR

Com essa nova carreteira, pintada na cor branca e com número 19, Adir Moss e outro piloto curitibano da época – Alberto Tergulina – entraram numa Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos.

De Curitiba a São Paulo capital foram tocando o carro pela rodovia BR-116, a fim de “amacia-lo”. Na sessão de tomada de tempo, classificatória da posição dos carros na largada, a carreteira número 19 ficou em sexto lugar. Mas, a proeza realmente espetacular de Adir foi que, em pleno Autódromo de Interlagos, lado a lado com alguns dos pilotos mais famosos do Brasil, como Catarino Andeatta, Camilo Christófaro, Ângelo Cunha (de Laranjeiras do Sul-PR) e muitos e muitos outros, num total de quase cinquenta, arrancou na frente e liderou a corrida durante todo o percurso, totalizando 8 quilômetros e cruzando a área de boxes em primeiro lugar destacado. Imagine o leitor, a alegria e a emoção da equipe de Adir ao vislumbrar durante a noite (a largada era sempre a meia-noite) a chegada a linha de partida da carreteira 19, uma vez que se encontrava na pista o as do volante Camilo Christófaro com sua carreteira Chevrolet com motor Corvette e que geralmente era o mais rápido. Glória máxima! Já com dia claro, quando era pilotada por Antônio Tergulina, uma mola mestra da carreteira quebrou, tirando-a da prova.

Adir Moss correu, durante muitos anos, antes de construir a carreteira número 19, com um Ford 1948, num circuito de rua improvisado, denominado de “Chiqueirinho”, na cidade de São José dos Pinhais-PR. Ali ele aprendeu a denominar a máquina, pois, o circuito tinha trechos de asfalto, de paralelepípedo e de terra! O piloto tinha que ser bom de volante mesmo!

Adir realmente deixa muitas saudades entre seus fãs e admiradores. Recentemente ele foi homenageado por sua contribuição ao desenvolvimento do automobilismo de competição paranaense e brasileiro, recebendo troféu conferido pelo MP Lafer Clube de Carros Antigos do Paraná, durante solenidade levada a efeito no Theatro Municipal de Antonina-PR. Agora ele faz parte de uma categoria de pilotos de carros de corrida do passado, que muita emoção e alegria proporcionaram ao público. Nas fotos de hoje, Adir Moss e sua carreteira. (Ari Moro).

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